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1-CARTOGRAFIA BIOGRÁFICA DO POETA CONTEMPORÂNEO YOUSSEF RZOUGA DA TUNÍSIA



“...há que fazer calar-se os cães enquanto florescem
os roseirais...” (Youssef Rzouga)




YOUSSEF RZOUGA é poeta de expressão árabe e francesa na contemporaneidade, uma das figuras mais representativas da poesia árabe moderna, cujo perfil compreende uma experimentação estética inovadora para com a poesia contemporânea. Natural de Ksour Essef, perto de Mahdia, Tunísia, nasceu em 21 de março de 1957. Seu trabalho é notório tanto na África Setentrional como na Europa e Oriente Médio e consoante o crítico Hedi Khalil, Rzouga é iniciador de um ritmo de métrica ociriental (ocidental/oriental), árabe, na literatura francesa, sendo seu trabalho obsecado por um profundo sentido estético, o qual aprofunda explorando sempre vias novas de expressão poéticas, às quais procura adaptar no contexto das preocupações de sua época. É poliglota, cognominado pela moderna crítica literária como “o lobo do verbo”, Rzouga escreve em várias línguas, espanhol, francês, inglês, árabe, português, sueco. A sua formação compreende estudos superiores de Ciências Humanas, Letras, Artes, Direito, Ciências Políticas, Informação. É jornalista da imprensa tunisiana e possui obras reconhecidas mundialmente, com inúmeras premiações, dentre elas o Grande Prêmio da Literatura Árabe do ano de 2004, bem como o prêmio “Escudo do Djwan El Arab” do Egito em 2005, pela sua contribuição à cultura árabe. Iniciou sua carreira literária aos vinte anos de idade com a publicação do livro denominado “DISTINTO DE VOCE PELA MINHA TRISTEZA”. A poesia de YOUSSEF RZOUGA é abrangente e interativa, apoiando-se segundo o crítico citado, sobre uma reflexão lingüística abrangente de saberes, explorando o poeta as relações da palavra, no contexto literário de uma metalinguagem, uma ordem metafísica, onde inova com a utilização e adoção de signos científicos, e outras formas de linguagem, de conhecimento, assim Rzouga reabre novos flancos do imaginário poético contemporâneo, o que caracteriza sua poética e expressão visionárias.



OBRAS POÉTICAS EM ÁRABE:



1978 – DISTINTO DE VOCE PELA MINHA TRISTEZA
1982 - LÍNGUA DE RAMOS DISSIMILARES
1984 - PROGRAMA DA ROSA
1986 – O ASTROLÁBIO DE YOUSSEF, O VIAJANTE
1998 - O LOBO DO VERBO
2000 - PAÍS DENTRO DE DUAS MÃOS
2001 - FLORES DE BIÓXIDO DA HISTÓRIA
2002 - DECLARAÇÃO DE ESTADO DO ALERTA
2003 - OBRA COMPLETA (primeiro volume)
2004 - IOGANA (O LIVRO DE IOGA POÉTICO)
2004 – A BORBOLETA E A DINAMITE
2005 - TERRA ZERO
2007 – A MEIA LUA SE DIRIGE PARA O ORIENTE
(obras completas segundo volume)
2008 - VOZES DE CARTAGO
(epopoeia poética com o escritor tunisiano A Brahem)

Em francês:
2005 - O FILHO DA ARANHA
2005 - IOTALIA
2005 - MIL E UM POEMAS
2005 - O JARDIM DE FRANÇA
2006 - MAIS CEDO EM CIMA DA TERRA

Em espanhol:

FUERA DEL YO DOMINANTE (inédito)
LOS POETAS VUELAN BAJO (inédito)

Em sueco:
- Ö (ilha) – inédito
- Förälskad Lexikon
(o léxico dos apaixonados), inédito


Em português
- No império de Jose Ga


Em prosa:
1986 – O arquipélago (novela)
1992 - O Vôo da Laranja (ficção)
2008 – Ezzedine Al Manasra (poeta da palestina)/crítica

Inglês:
2005 – Two Hells in the Heart
(dois infernos no coração) por Khawla Kreesh
2005 – Pacem in Terris (A paz sobre a Terra) com
o poeta americano Philip Hacket, traduzido por Khawla Kreesh.

PRÊMIOS:



1981 - Prêmio Nacional de Poesia
1985 - Prêmio Nacional de Poesia
1998 - Prêmio Nacional de Poesia
2003 - Prêmio Al-Chabbi
2004 - Prêmio Mahdia
2004 – Grande Prémio da Literatura Árabe
2005 - Grande Prêmio do Egito

BIBLIOGRAFIA SOBRE YOUSSEF RZOUGA:


BAHANI, Hassen. De Ekelöf à Rzouga ou a Alegria de Estar Ali
BRADAI, Kais. O Encanto dos Relevos (abordagem crítica)
BEN MANSOUR, Mourad. A Língua Explosiva e o Tema Antecipado na Poesia de Youssef Rzouga (tese)
DIANO, Aude Richeux. La Poesia de Youssef Rzouga à procura do Vínculo Autentico.
EL OUNI, Chems e autores. Embaixo da Máscara. Tn:Sotepa (a respeito da saída do poema...)
FRANCE, Ella. Youssef Rzouga até Nova Ordem Poética.
FERCHICHI, Houyam. A Orquestra do Poeta. Tn: Sotepa (a respeito da
Declaração...)
MADANI, Ezzedine. A Poesia de Rzouga e a Língua da Época. Tn: Mercredi Littéraire (sobre a Declaração...)
MAHFOUDH, Hafedh e demais autores. A Porta Entreaberta. Tn: Sotepa (sobre as Flores de Bióxido...)
MEHER, Derbal e Kolsi, Abdrrazzak. A Poesia em Tempo de Globalização.Tn: Sfax (sobre as Flores de Bióxido da História)
MEJRI, Khaled e Chawki, Anizi. O Jardim e os Arredores. Tn: Sotepa (itinerário de Rzouga)
SOLIMAN, Walid e autores. Youssef Rzouga e o Viajante do Tempo Moderno. Tn: Sotepa
WALID, Zribi. Youssef Rzouga o Lobo nas Palavras (entrevista-rio), Sotepa, 2008.


2-UMA CARTOGRAFIA BIOGRÁFICA COM O POETA CONTEMPORÂNEO YOUSSEF RZOUGA




" há que fazer calar-se os cães enquanto florescem
os roseirais..." Youssef Rzouga




Uma das figuras mais representativas da moderna poesia árabe e contemporânea ocidental o poeta tunisiano Youssef Rzouga abarca, hodiernamente, com sua profícua obra literária uma dezena de trabalhos críticos e de reflexão escritos sobre a mesma. Nesse contexto rastreante de sentidos, vez que sua obra poética se escreve em várias línguas, o poeta a experimenta em vários idiomas, entre elas, o português, vamos trazer para conhecimento e informação de nossa cultura nesta série, suscintos depoimentos e vozes de críticos e escritores hodiernos que nos inserem aos caminhamentos da substanciosa poética de Rzouga, com suas abrangentes reflexões.

Assim diz Haifa Baccar, crítica tunisiana:"... Youssef Rzouga em sua obra "O Filho da Aranha propõe edificar uma ponte entre Oriente e Ocidente utilizando o rosto único de seu material predileto, a poesia. É inovador, conciliador e instigador de uma nova corrente poética...para a crítica, a poetisa e escritora francesa Chantal Morcrette que prefaciou a obra de Rzouga, diz que este ousa, inova com uma nova métrica, inserindo à poesia ocidental francesa, a métrica árabe, criando um novo ritmo poético na atualidade, o "ociriental". Este, resultaria de uma inserção de medidas orientais na composição literária francesa levando-se em consideração certas alternâncias precisas de sílabas curtas e longas que conferem à poesia oriental o seu ritmo próprio e o seu segredo. Assim, como um maestro o poeta executaria sua sinfonia apoiando-se sobre notas e ritmos. O poeta, diz Haifa ainda referindo à Rzouga assemelha-se a um Rimbaud de nossos tempos trabalhando a palavra como um ímã a ocultar, obstruir, a mergulhar no constante ritmo do claro/escuro referencial, caminhando ao metalínguistico, perturbando esquemas estabelecidos, transgredindo regras, aproximando-se consoante a estrutura sonora com sua poesia, ao canto de Paul Verlaine, ao deslumbramento da metáfora real de Baudelaire."
A escritora e poetisa francesa Chantal Morcrette, citada por Haifa diz ainda:
"...Youssef Rzouga se inscreve num contexto de uma grande agitação de uma marcha inevitável. A criança brinca no estádio dos grandes, o olhar lançado à frente. Falar de Rzouga é anunciar um espetáculo aberto, um jogo, um bailado, onde o teatro e o quotidiano convivem. As decorações podem compreender as costumeiras ou serem extraordinárias nesse palco...mas, as gravatas que vestem o artista devem abranger mil e uma silhuetas para mascatear o mundo através do coração. No caminho de Rzouga Oriente e Ocidente estão lado a lado, a terra toma assento ao mar para tornar-se azul, é o lobo e o homem costa à costa que falam a Vida e através desta uma força ancestral e uma mão que se estica ao outro. Nos jardins de Rzouga, diz Morcrette, a poesia é fábula, mas a sua estrada tortuosa se abre pelo mundo em ascensão incontrolável..."

Em ressunta, neste capítulo que aqui abordamos (II), citamos o crítico tunisiano Hedi Khalil que enfatiza que a originalidade poética de Rzouga assenta-se sobre uma ótica visionária do poeta e da poesia e sua necessidade hodierna de reconciliar-se com as exigências dos saberes, no assentamento das relações humanas com a expressão lídima de diálogo e humanismo diante da transculturalidade hodierna hoje globalizada.

3- PARÁGRAFO POÉTICO COM A POESIA DE YOUSSEF RZOUGA NA CONTEMPORANEIDADE



"...há que fazer -se calar os cães enquanto florescem os roseirais..."
(Youssef Rzouga)

Com uma vida dedicada à poesia há quatro décadas, escrevendo em várias línguas, o poeta tunisiano YOUSSEF RZOUGA de expressão árabe e francesa experimenta e inova a palavra e sua substância poética na contemporaneidade, reatirculando uma experimentação estética inovadora com a poesia, à qual se infere de uma multifacetada eclosão de visões perspécticas no contexto de suas escrituras poéticas. Seu trabalho é notório tanto na África Setentrional, na Europa como no Oriente Médio.YOUSSEF RZOUGA é natural de Ksour Essef , Tunísia e possui obras reconhecidas mundialmente com inúmeras premiações, dentre elas o Grande Prêmio da Literatura Árabe do ano de 2004, pela totalidade de suas obras, o prêmio Escudo de Diván Al- Arab, Egito, 2005. A experimentação estético-literária de RZOUGA, de singularidade e abrangencia universal apresenta inquietantes caminhamentos de exasperação e inquietação. A sua poesia ao experimentar-se em vários idiomas adentra signos universais da linguagem, percorrendo raízes comuns das várias línguas em que se inscreve, resgatando conteúdos vivenciais, históricos, humanos, percorrendo raízes ancestrais comuns. Se, a modernidade ocidental se caracteriza historicamente como assenta Foucault pela fragmentação da linguagem, com a falência histórica do discurso da representação e consequente autonomia da Literatura, como disseminadora da palavra e depositária de saberes, nesse contexto alinhava-se uma articulação de redimensões no embate da palavra poética que se experimenta em Rzouga. Sua poesia emergindo por entre os escombros da pulverização do sujeito moderno faz profundas reescavações significantes, como a permear e recompor sentidos perdidos de uma linguagem desconstruída e fracionada, como a reabrir na obscuridade brechas por onde possam ser refletidos filamentos de dimensões ancestrais das mesmas vozes da alma, num especial e secreto jardim, como a coexistir essa intimidade de fluxos a Bataille. Sua poesia dissemina a palavra, dialoga rejuntamentos, aspira à interioridade, um caminhamento de dentro, recolhe a inquietude do embate coloquial do instante, o qual condensa com vitalizante pulsação. Como uma pedra que atirada ao lago perfura a superfície e rasga a pele do mundo, as sombrias teias do olhar, a cortina do templo, movimenta elipticamente as dobras labirínticas do ser, abrindo profundidades, criando espasmos, resgatando sensações. Parece apreender os rostos, as faces das coisas, das formas, do agora, do ontem, do amanhã, no tubo de ensaio da árvore cósmica, num retorno a uma inquietação e uma busca interior, secreta, onde da escuridão podem brotar respostas. É móvel, flexível, dura, áspera, sempre inacabada, perscrutante, vitalizadora, "corazon a corazon" como canta, indomável, selvagem, terna, concha que guarda a ostra e sua ferida secreta, a palavra que se enuncia e diz e se guarda, se vela e se revela além do enunciado, buscando a complementação da vivencia enriquecedora, a substância da rosa de carne da palavra viva-alga, água, a mesma substância que pode matar a sede e a fome de um lado ao outro do mundo, caminhante do exterior ao dentro, sístole e diástole, desde a micro à macro-aldeia. Um toque reconhecível de um clarim eclode!!!



...diz a poesia de RZOUGA,



"..um de nós,
tanto gritou
que perdeu a voz...

...ela é como eu,
quase obrigada a dançar
na corrente de ar,
dá-me esse livro,
quero outra asa livre
para voar até alí
no sentido inverso
dos ponteiros
do meu relógio,
quero percorrer
esta distância atroz
para beber esse rio ávido,
outra vez,
deste jardim secreto,
um jasmim tunisiano
vai de viagem,
até alí,
é só abrir a janela,
para apalpar
a verdade branca,
de um cheiro selvagem!...

Só tenho uma flor,
a quem é que me
devo dirigir?
Está escuro em
todo o lado,
é necessário fazer algo!
Faço o que posso,
mas este ascensor está avariado,
por isso devo subir as escadas,
de quatro em quatro,
no rés-do-chão,
há espaço para todo o mundo
sob a égide do vigia (guarda/noturno).
No primeiro, não há ninguém,
no segundo, também não,
no terceiro, nada de interessante,
no quarto, nada de nada,
no quinto, um gato esconde outro,
no sexto, uma porta entreaberta,
no sétimo... até que enfim!
Ufa, a jarra não se partiu! "

"....é preciso fogo
para incendiar o sentido único
da cidade triste..."

"em silencio,
faço o que posso,
um poema para
voce por exemplo...

"está escuro em todo o lugar,
vamos escrever algo no escuro?..."

"...este mar faz parte de minha
aldeia global..."

" nós somos pássaros migradores,
só para voar como deve ser
em forma de um coração gigante,
baixo e alto e no sentido inverso
dos ponteiros de um relógio,
só para ter a possibilidade
de compor outra canção paralela
ao comboio rápido, dó, ré, mi, fá, sol!.."


Música Ambiental



Nunca é tarde
para fazer algo
atirar-se ao mar por exemplo
e por em fila os peixes coloridos
à manifestarem-se contra
o tubarão
Nunca é tarde
para vencer este complexo
de inferioridade por exemplo
subir ao trono das coisas
e fazer calar-se o cão que ladra
enquanto florescem os roseirais
Nunca é tarde
para denunciar-se o culpado
de ontem de hoje
feito inocente às vezes
tocar o tambor
dançar de vez em quando
e triunfar sobre uma vida
de grande vazio

" Viver para sonhar,
é sonhar para viver,
ébrio de O2.
Viver para sonhar
é sonhar para rejuntar
ao último grito de um corvo,
o primeiro grito estridente de Adão.
Viver para sonhar
é sonhar para rimar todo
esse mundo louco
como o absurdo sorriso
de Gioconda...
Viver para sonhar
é sonhar em simbioses,
com os dias que virão.
O que quero
é que chova cada vez mais,
que os verdadeiros artífices (inventores)
invadam a terra. " (Youssef Rzouga)

POESIA E LINGUAGEM

|POR YOUSSEF RZOUGA - TUNÍSIA > Tradução do inglês por:Lilian Reinhardt



O TETO SUSPENSO DO FUTURO


( Pescara Poesia del Mediterraneo :22/23 Maggio 09)



Reduzir tudo ao nada para reconstruir todo o universo de maneira diferente é a estratégia do poeta.
Ser ou não ser poeta eis a questão! Entre Poesia e Linguagem há alguma coisa que eu não entendo.
É o estilo. É um mundo pequeno. Está chovendo em todo o país junto ao botton do meu coração.Eu sou jornalista de profissão, poeta por natureza, difícilmente, algo de cultura. Eu amo escrever em árabe, inglês, francês, espanhol, português, italiano, russo e raramente em sueco. É fácil aprender. Desde a idade dos onze anos sou obsecado por línguas. Eu amo sair e descobrir outros que não sejam eu através do mundo com suas outras chaves. Eu lembro que terminei com o aprendizado do dicionário de francês em três meses. É pura loucura! Eu sei que isso é assim. Tudo parecia errado, como meu professor em vez de considerar esse conhecimento da língua como algo rico e novo. Eu fiquei decepcionado com ele, porque eu tenho zero dele na escrita.
Eu sempre fui curioso em caminhar, constantemente, de cidade em cidade pois, eu posso estar em dois
lugares ou mais de uma vez só. O poeta não é igual aos outros. Seus dedos se cobrem de tinta: ele escreve, mas, o que ele joga? Não tem necessidade de agradar ninguém, exceto ele, mas,pode fazer alguma coisa: escrever e sorrir esse é o seu jeito. A exceção à regra comprova. Em outras palavras, a linguagem esconde o poeta. O poeta oculta, abertamente, suas chaves, suas palavras. Através do buraco da fechadura eu vejo esse rasgo em mil lugares. Como poetizar esse novo mundo dos detritos? Como reciclar esse velho ruído e a traição dessas milhares de faces? Com qual estilo poético? Só um milagre ou um feliz e sugestivo estilo pode aliviar um pouco o coração partido de um alienado leitor. O leitor? Eu tenho que esperar por ele. Mas, de onde vem esta alienação ? Em todo lugar que voce olha há pobreza, um jardim alimentado pela globalização de todos os dias e, também, pela linguagem.
É o mínimo, eu agir como um poeta, escrevo em ritmo acelerado até a exaustão do corpo, assim, apodreceria a maçã de Newton, detalhe menor a uma criança prodígio. Não há necessidade de gritar porque a poesia ela própria é seu múrmurio, sopro. A única coisa interessante na poesia é a linguagem.
Enquanto escrita eu me interesso pelo estilo poético. A linguagem tem prioridade, o sentimento fica em segundo lugar. O que eu posso escrever então? Mas, com todos os problemas que eu tenho, escrevo. No estado em que me encontro eu não sei onde ir, mas eu escrevo. Sob efeito contrastante ou sob efeito borboleta a pena me escreve, felizmente, com seu corpo cheio de tinta. A lâmpada precisa de nova bateria. O poema precisa de muita paciência, de muito silencio e eu preciso dizer mais. Mas, como retirar mais da linguagem? A partir desse angulo, no momento como este, sob a chuva e as leis de ozonio ao mesmo tempo, perante os olhos de águia, eu preciso de ar fresco para respirar o chilrear de um pássaro e do segredo da madrugada. Hoje a realidade virtual é um problema! Isto me surpreende, eu devo confessar. A poesia tornou-se alguma coisa de luxo. Belas palavras não interessam a ninguém exceto a alguns órfãos do mapa. Só a libido da globalização domina. É tempo de strip-tease diante dos olhos da Webcam. É uma realidade atroz que destrói a alma, o coração, a calma, o equilíbrio, o sentimento, a confiança, a auto estima pouco a pouco. O que eu vou fazer com minhas belas palavras? Está chovendo por todo o país e bem junto ao botão do meu coração. Entre Poesia e Linguagem há algo que eu não entendo. É o labirinto, o teto suspenso do futuro. Muito obrigado!

COM YOUSSEF RZOUGA :


Minha língua é um jardim aberto às sete janelas do mundo


POR HASSEN BAHANI > Tradução do francês por Lilian Reinhardt



as cidades morrem mas não as fontes dos valores do homem”
“Minha língua é um jardim aberto às sete janelas do mundo”



“A poesia busca a verdade do homem assim como o homem deseja e busca a verdade da poesia declara Youssef Rzouga. A poesia é o homem porque a busca de uma nova linguagem senha para o encontro do homem ao que é o leva hoje à armadilhas de uma “dispersão”, de um “deslocamento”, de uma “perda de referencias.”
Esta convicção leva o poeta a ir ao coração de ser complexo, a procurar aquilo que é a sua unidade e sua salvação,com muita memória alimentada sob os sabores da euforia!”
Youssef Rzouga é autor de 17 obras e coleções a maioria das quais escritas em língua árabe. Mas, como a poesia para ele “ não deve simplesmente dizer, mas, ser” , escreve, também, “com alegria e fluência” em francês, espanhol, italiano, russo, português, inglês,escreve poesia em sete idiomas, ou seja em sete espíritos pertencentes ao mesmo todo, porque as distâncias se anulam na poesia e para ele a poética universal baseia-se, indissoluvelmente, sob sete vozes atemporais: El Moutanabbi, Rimbaud, Elliot, Lorca, Dante, Pessoa, Pouchkine. O desafio pode ultrapassar todas as margens? A poesia de Rzouga rebelde e eufórica é quase unanimemente aclamada como “uma promessa de alegria” “um ímpeto, um elo de vida...”

Q:- Você parte de sua própria poética para tentar construir um novo território de palavras. Mas neste território você parece negar que ele tem fronteiras, você parece querer definir com parâmetros que nem sempre são para o patrimônio cultural árabe...



Youssef Rzouga:
“ A poesia se reconhece na verdade que tem sido expressa por El Moutanabbi, Rimbaud, Eliot, Lorca, Dante, Pessoa, Pouchkine..Ela é múltipla, aberta ao mundo, mas expressa pelos poetas que tem acesso ao seu poder de beleza. O nascimento de todo verdadeiro poeta é um momento que permite que a palavra recupere a sua energia, sua riqueza interior, sua novidade. Essa reconquista não pode ser exterior aos grandes êxitos que fizeram a verdade sobre o homem. É claro, minha fonte primeira, geratriz, é meu patrimônio e meu objetivo poético a busca , a pesquisa dessa terra, deste país de fertilidade enraizado no tempo, dessa substancia de luz e de fogo que recria o homem, deste anel perdido para Othmane Ibn Affane em desordem de conflitos e propagação... Apenas o patrimônio luminoso (de luz) que permite avançar o meu interesse, e minha língua não é um exílio!. A língua não é meu exílio, ela é meu jardim aberto às sete janelas do mundo. Este é o meu jardim de vista dos pássaros que me permitem expressar a canção do homem...”

No último livro AS VOZES DE CARTAGO editado pela L’or du Temps você reconstrói com o escritor Abdelwahed Brahem um drama épico tecido dentro do espírito de Elissa, Hannibal, Amílcar, Asdrúbal...



- “ Sim, as cidades morrem mas não as fontes dos valores do homem que são eternas. Este patrimônio eu reclamo, eu reivindico,porque ele é portador da liberdade e da luz. Eu apoio tudo o que me permite ir ao encontro das minhas fontes, de minha inocência, de minha infância. O poeta se inventa, se reinventa, se move sempre no círculo do inacabado, ele tem uma mensagem codificada à transmitir e seu objetivo está fora de qualquer ilusão de glória ou de prestígio. Sim, a poesia deve rastrear a fonte mesma de ser para gerar (alcançar) a substancia ou a mônada de uma linguagem fundadora, de uma nova visão do mundo. Ela deve criar novas ligações, outro universo de sentidos. E para fazer isso a linguagem poética deve experimentar, construir o estado do sonho e do mito. Escrevo Cartago porque é um dos grandes momentos, um dos grandes marcos de nosso patrimônio que pode iluminar o futuro. O que eu ambiciono de capturar é esse ponto luminoso (brilhante) que garante, assegura a vida eufórica, frenética, total. Eu me sinto perfeitamente a vontade na minha língua árabe como em qualquer outra língua estrangeira.
A linguagem é supremo abraço, torna-se cadinho, caldeirão de significâncias de todos os espaços: sonhos, desejos, infância, movimentos e estados de alegria uma vez que libera todo entorpecimento tais como eles são sobre os ímpetos e êxtases da existência. Eu escrevi o épico de Cartago com o desejo de fazer à poesia – com os recursos do teatro – que lhe devem pertencer: uma vocação de reorganização da estrutura de nossos mitos. Quando nós temos uma língua que não participa mais da evolução da história humana, se deve injetar nela sangue cósmico. O dever do poeta é ir por si mesmo cada vez mais longe: mudar, alterar a estrutura de nossos mitos para que se transforme a estrutura de nossos pensamentos. Os mitos e os contos não são ponto de um simples jogo da mente imaginária, eu os abordo, aproximo-me deles com o mesmo desejo que acompanha minha leitura da história.”
IN “ LE RENOUVEAU”/ EM 03/05/2009



YOUSSEF RZOUGA AO CÍRCULO DE POETAS FELIZES


por ZOHRA ABID



Como representante oficial de seu país, da região árabe e Secretário geral do Movimento “Poetas Del mundo”, nosso Youssef Rzouga, fará na próxima primavera sua peregrinação de viagem poética através de uma série de países.
No bloco de notas do poeta, a temporada de primavera será generosamente colorida por uma galeria de eventos. Outra, será sua participação do centenário de nascimento do poeta ABOU AL KACEM CHEBBI que será realizada em Tozeur a partir de 20 de fevereiro do corrente e que se anuncia com um concerto de atividades de ordem cultural e artística, Youssef Rzouga vai ficar sem tempo. Ele será o convidado de honra em muitos países por ocasião do dia internacional da Poesia celebrado em 21 de março de cada ano que traz ao pináculo os poetas de hoje aos quais se prestam homenagens aos melhores versejadores de sempre. O roteiro de Rzouga se perfila entre
o Oriente, o velho continente e América Latina. Em março próximo a Tunísia se fará presente nos Emirados Árabes Unidos com toda a sua bagagem doce e picante ao mesmo tempo. Em seguida ele voará ao México para a homenagem póstuma de Jaime Sabines, um dos maiores poetas do país de origem libanesa desaparecido há dez anos. Seu último trabalho conhecido por Rzouga foi abordado significativamente por extrair de uma coleção que ele traduziu da língua de Cervantes para
el Moutanabbi.
. Abril não está muito longe e o poeta já preparou uma conferencia tunisiana-espanhola que terá lugar entre 19 e 22 deste mes no país de Don Quixote. Uma das maravilhas imediatas porque ele também não é um poeta? A resposta é que a poesia de Rzouga foi escolhida para deslocar-se, circular livremente na língua desse país. E desde que estamos no campo da tradução o poeta esta a anunciar que seu portal eletrônico é bem visitado no Brasil e em Portugal. Como no texto romano.
Mas, o evento que leva ao coração nosso poeta será realizado no país de Fidel Castro. Os cubanos
orrquestrarão em parceria poética com os artistas sob a liderança de seus escritores. Seu 14º festival internacional de poesia acontecerá no mes de maio. Esta edição sob o tema de “A poesia, uma responsabilidade e uma cidadania” trará um primeiro olhar aos grandes poetas do Oriente Médio e aqueles de Maghreb. Mas o essencial é que este festival vai concentrar principalmente luzes sobre a injustiça no mundo e contra a cadeia de guerras declaradas contra os árabes. Os nossos poetas eleitos em razão de uma agenda cheia não podem responder a muitos outros convites. Foi impossível recentemente de se ir à Argentina onde como reconhecimento foram organizadas manifestações
E projeções sobre capítulos de suas vidas como de poetas como criadores. Uma janela aberta ao museu de poetas da Argentina. O evento ocorreu sob os auspícios dos poetas e de músicos. Sim da música! Aqui colocamos o chips em seus ouvidos. Deixamos aos nossos leitores o cuidado de adivinhar o resultado.
Tradução do francês para o português
por Lilian Reinhardt



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Tag der Veröffentlichung: 05.02.2010

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