Um protesto, um apelo, uma súplica.
Viver sem guerras, amar o próximo e respeitar as crianças.
A discriminação vem assumindo o dia a dia do ser humano, mesmo que seja inconscientemente.
Devemos parar para refletir se realmente devemos continuar como estamos ou se é tempo de mudar algo em nós mesmos.
Este livro traz a história de um menino de rua, de uma prostituta, de um homossexual da destruição que a guerra traz e de de pessoas que esqueceram o que significa realmente sentir.
Esse livro é dedicado à todas as pessoas que não julgam o seu próximo e tão pouco jogam pedras.
Olhar
(apelo às crianças em extinção)
Talvez não seja certo,
despir-te de tua cena,
pois és o manifesto do que não deu certo.
És o tema de meu protesto.
Te vejo nas ruas,
de carro em carro,
falando gírias,
cheirando cola.
És o convívio de tantas culpas.
O anônimato dos colarinhos brancos.
És a rebeldia intransigente.
descartado do mundo feito indigente.
Te abatem nas ruas,
em pró da limpeza pública,
e sobre a terra,
morre tua mente pura.
Cortas a vida,
que se esvai no sangue de teu pulso.
Roubas o que por direito não é teu,
Mas , o que é teu por direito,
não te deram.
Escondidos em escuros viadutos,
sabes da sorte de morrer,
e a sorte de viver.
Te chamam de trombadinha.
Desviam a atenção da falha política,
para te mostrarem na televisão,
como integrantes de uma quadrilha.
Te vi deitado, debaixo de um banco,
na Avenida Paulista.
Olhos tristes,
Desolados.
Talvez fosse a tua última cola,
e o teu vômito,
a última ação de tua vida.
Teus cabelos cobriam o envergonhado rosto da sociedade.
Grita menino!
Porque ainda és criança.
Escutai sociedade!
Porque de certo, não chegaremos a ve-lo adulto.
Gritar
(apelo à paz – parte 1)
Não, Não chores,
porque tuas lágrimas ja chorei.
As tuas e de tantos outros.
Não, não me perguntes quem eu sou,
Porque de certo, nao saberás porque aqui estou.
Vem lá de longe o barulho de um motor,
que carrega em seu ventre,
tanta angústia e pavor.
Joga em cima de tanta gente ,
uma fumaça radioativa,
que consome a terra,
eliminando tantas vidas.
Vidas sagradas, vidas sofridas.
De gente que sente.
De gente que ama.
De gente agora doente.
De gente em chamas.
Um relato deste poéta,
que escondido em páginas secrétas,
busca um pedaço de sí,
perdido nesta guerra.
Este poéta grita,
porque seu lamento é um tormento.
Este poéta suplíca,
porque mil vezes suplicou em pensamento.
Este poéta chora,
porque sua terra era mais rica.
Os seus heróis foram esquecidos,
dando lugar aos inimigos.
Homens, inimigos sem razões,
destruiram emoções,
com seus monstros voadores e bravios.
Deixaram do ventre o fruto,
Que meu mundo destruiu.
Hoje carrego nos olhos a lembrança,
da bomba H de criança.
Hoje sou cego,
mas nao sou mudo.
Ainda me resta vida ...
Por isso grito quem sou eu,
Nesta vida sofrida.
Sou filho de guerra
De pai nagasaki
De mãe Hiroxima
Sentir
(apelo à paz – parte 2)
Não , não chores,
Porque tuas lágrimas ja choraram.
As tuas e de tantos outros.
Não , não me perguntes quem eu sou,
porque com certeza,
sabes porquer aqui estou.
Está tao perto ,
o que de longe veio,
nas ruas, nas estradas,
na verde mata, desta pátria amada.
Veja! Minhas mãos estão desarmadas,
E meus olhos buscam amor.
Não conheço outra estrada,
porisso, mantenho-me na que estou.
Os homens regaram suas matas,
e outros frutos elas lhes deram.
Mataram sua fome.
Colheram suas safras.
Sacudiram as poeiras radioativas.
Cicatrizaram suas feridas.
Hoje o filho do inimigo é meu amigo.
O inimigo? Não sei! Não o conheço.
Perderam-se em memórias.
Perderam-se em histórias.
Acabaram-se as discórdias.
Os homens deram-se as mãos.
Juntaram-se em emoções.
Reuniram-se em canções.
Hoje, ao invés da bomba radioativa,
lutam em pró da ecologia.
Um relato deste poéta,
escrito em páginas abertas,
as vezes, com perguntas sem respostas.
Este poéta vive,
porque sabe o que é morrer.
Este poéta quer paz,
porque sabe o que é sofrer.
Este poéta quer união,
porque sabe o que é solidão.
Minha terra é mais rica.
Meus heróis se conhecem.
E a historia que eu conta,
Sei que não esqueceras.
O sol volta a brilhar,
e nele há tanta vida.
Porisso grito quem eu sou!
Não sou cego.
Não sou mudo,
Sou neto da guerra,
de avô Nagasaki,
de avó Hiroxima.
Condenar
(Protesto contra a discriminação – parte 1)
Do que me acusas?
Não me julgues pelo que tu mesmo me vestes.
Dispenso teus conceitos e preconceitos
e me dispo dos teus sonhos frustrados.
Não, nao me acuse de ter acabado com os teus ideais.
Não sou fruto da tua vida,
sou uma vida.
Vida de sonhos reais e irreais,
mas são meus!
Meus sonhos,
onde so cabem meus passos.
É com os meus pés que ando,
não com os teus.
É com a minha boca que beijo,
e não com a tua.
Me critícas dizendo que sou diferente do que a sociedade quer?
Nega-te a me aceitar?
Nega-te a conversares comigo?
Pensas que sabes o que sinto e como sinto?
Não, tu não sabes nada a meu respeito.
Teus pensamentos estão perdidos em conceitos e preconceitos.
Te esqueces que sou um ser humano ,
Tenho direitos!
Não sou culpado,
mas me acusas por ser inocente.
Não matei e sou condenado.
Não fugi e sou procurado.
Não errei e sou perdoado.
Me sentenciam como réu e sou julgado.
Julgado por ser do jeito que quero?
Por que amo do jeito que não queres?
Então porque nao me esqueces?
Guarde teus lamentos e tormentos.
Não estou te pedindo ajuda,
nem tão pouco desculpas.
Sou o que sou.
Amo o que amo e à quem amo.
Não me dispas!
Não me vistas!
Não me assistas!
Pois, o que sou,
Não te compete mudar.
À quem eu amo,
Não te compete julgar.
Não precisas me aceitar,
nem me excluir.
Não penses que fujo!
Te digo e demonstro o amor que sinto,
que é forte o bastante,
que dele só resta o que começa,
e não termina em silêncio omisso.
Cala-te! Diante de minha coragem de dizer,
que teves a opção de seres o que és,
e eu, de ser o que sou.
Contudo, minha coragem vai além da tua:
Não termina onde a sociedade determina.
Posso dizer que sou homossexual,
mas e tu?
O que assumes de tua vida sentimental?
Gritas em voz alta a tua preocupação?
Me jogas no inferno com a tua acusação?
Dizes que sou obra da aberração?
Então, não digas que teu coração é cheio de amor
Que da vida entende o valor.
Saudo-te , diante de tuas reprovações,
E luto por minhas decisão
de ser eu o centro das atenções,
enquanto tu,
tu permaneces no anonimato da discriminação
Viver
(apelo ao abandonado)
Olho através da janela;
vejo pessoas que falam e andam.
Pessoas imerssas em pensamentos,
Pessoas que pensam em tudo.
Pessoas que pensam em nada.
Pessoas que vivem a vida.
E que pela vida são levadas.
Vejo ricos meninos.
Vejo meninos mendigos.
Todos com fome de vida.
Outros com fome de pão.
No entanto o sol continua a raiar,
Embora o homem não tem tempo para admirar,,
Os segundos se fazem presentes,
nas rugas e olhos daqueles,
que a vida passa por eles
e não eles que passam pela vida.
...........
Já é noite, amanhã será um novo dia.
Espero que muitos parem para sorrir
ou, ao menos, perceber como é bela a vida.
Para mim já é tarde,
não verei o sol nascer.
Não verei crianças à correr.
Não ouvirei os pássaros cantarem.
Não questionarei mais os porques?
E tao pouco saberei o porque?
Meus pés não molharei mais no rio,
e também não sentirei mais o perfume das flores.
Não verei o por do sol,
nem o nascer da lua.
Não escreverei um livro,
tão pouco plantarei uma árvore.
De mim nao foi feito um filho,
E nao me preocupei em ter um amigo.
E esqueci de dizer ao meus pais muito obrigado,
porque com o trabalho estava ocupado.
Não amparei o oprimido,
não elogiei o destemido.
Não sonhei, não vivi, não amei.
Hoje contudo, deixo meu testemunho,
para que não tenha outro como eu,
o motivo de se arrepender,
por ter aprendido nos últimos segundos,
a importância de se viver.
Aceitar
(apelo ao respeito ao próximo)
Não quero todo o ar que flutua,
mas quero que respeitem o ar que respiro.
Não tenho o poder de dominar o mundo,
mas quero dominar o meu próprio espaço.
Não tenho todo o conhecimeto dos livros,
mas quero saber de meus próprios atos.
Não conheço todas as direções,
Mas quero poder definir meu próprio caminho
Não tenho toda a sabedoria dos gênios
mas quero poder saber de mim mesmo.
Não sei tudo se o que dizem é verdade,
mas quero poder acreditar em mim mesmo.
Não sei se tudo o que faço é correto,
Mas quem no mundo nao comete erros?
Quero que me deem a chance de errar.
Quero que me deem a chance de perder.
Quero que me digam: - Se vire!
Quero poder me virar.
Quero poder crescer.
Quero poder engatinhar.
Quero poder olhar o caminho que já galguei.
Quero poder dizer : Venci!
E se acaso eu perder,
quero saber que posso novamente lutar,
porque uma vez ja lutei.
Quero ter forças para tentar.
Quero conquistar meus amigos,
e deles tirar minhas próprias conclusões,
e se deles você nao gostar,
quero ter a chance de eu mesmo poder julgar.
Não quero que determine com quem devo me relacionar,
se você mesmo não sabe qual o caminho à optar.
Não diga que você sabe melhor das coisas.
Se assim o fosse, teria se dado melhor na vida.
Diga apenas: Acredito em você!
Mas se isto for demais o que peço...
Saiba que a vida está aí.
Que eu poderei vencer ou perder.
Porisso, apenas lhe peço:
Deixe-me viver!
Já que eu tenho uma vida,
e você a tua.
Não sou igual à você.
Você não é igual à mim.
Se um dia conciliarmos nossas idéias,
é porque ambos crescemos,
ambos vivemos,
ambos lutamos.
Mas se este não for o caso,
Foi um prazer tê-lo conhecido.
Ser
(apelo à solidariedade)
De repente,
de uma hora para outra,
aprende-se a ser gente,
gente como tanta gente.
Gente que grita.
Gente que chora.
Gente que apanha.
Gente que implora.
Gente que que duvida.
Gente que humilha.
Gente, simplesmente gente.
Deixamos de acreditar em gente,
como pouca gente.
Gente que sorri.
Gente que brinca.
Gente que ama.
Gente que é criança.
Gente que apaixona.
Gente que se apaixona.
Deixamos gente como pouca gente,
para nos tornarmos gente como tanta gente,
que se esconde,
com mêdo de ser doente,
ou são de ser louco.
Gente como pouca gente incomoda.
Gente como pouca gente se transforma,
por insistência de tanta gente,
à deixar de ser gente.
Como doi nos nossos olhos o brilho do sol,
que mesmo sendo belo, ofusca e incomoda.
Como amedront-nos o belo mar,
que em seu mistério não confiamos.
Como melancoliza a lua,
que em seu brilho, nos faz saudosos e solitários.
Ah!Por ser belo, tudo nos incomoda,
não confiamos, nos melancoliza e nos amedronata.
Entao veste-se a capa de gente,
Gente como tanta gente.
Gente como a socieade quer.
Gente internet e celular,
Bodox e cirurgia .
Gente capacitada e em 3D admirada.
Gente com relacionamento em SMS e carinho em Skype.
Gente geração computador.
Gente 2000.
Gente como pouca gente pertence a enciclopédias e livros de papel.
Abra os olhos sociedade!
Devagar gente como tanta gente,
sufoca-se de barreiras e problemas.
Visita Psicologos e fala de burn out.
Obstrui-se de amores,
vive de um passado vazio e doloroso.
Chora pelos cantos, se odiando,
tentando disfarçar o mau humor.
Gente como tanta gente nao espera a tempestade indesejada,
porque nela ja se vive.
Acordai sociedade!
Não doi a arte de sorrir,
ou mesmo, por nós i mesmos, ser feliz.
É tao maravilhoso gozar com o corpo sedento de prazer,
entregando-nos da melhor forna,
a melhor das companheiras: A vida.
Sabemos que tudo isto causa angústia e mêdo,
porque somos covardes para ter coragem,
somos vítimas de nossas próprias experiências.
Para nós é difícil a arte de ser feliz.
Somos loucos,
perdidos em tripas e carnes,
ossos e pêlos.
Ainda não descemos dos galhos,
Ainda não desabrigamos as cavernas.
Estamos perdendo a arte de falar,
substituindo-a por toque de teclados.
Para nós é igual se vivemos feito merda,
escrôto da vida,
e como escrôto vivemos.
Não mudamos nosod intintos,
Assassinos, mesquinhos.
Julgamos e somos julgados.
Matamos e somos mortos.
Ah! Que pobreza de destino.
Somos vítimas de um silêncio.
Somos presos naquilo,
que entendemos ser liberdade.
Somos carentes,
de afeto e de amor,
de um sorriso e diálogo sincero,
de uma verdadeira declaração de paz.
Quem não se conhece,
Não conhece ninguém.
Duvidamos dos ideais,
nossos e alheios.
matamos nosso verde,
Nossos animais.
Rejeitamos nosso desejo de amar .
Com mêdo da dor,
evitamos os momentos felizes.
Desculpamo-nos com :
São neuras, são traumas,
experiências passadas que nao quero mais.
Acordai sociedade!
Pois se melhor pensarmos em nosso futuro,
veremos que nos dá vontade de rir
ao ver que no fundo existe uma verdade em tudo isto aqui.
É tão difícil ser infeliz,
Quando não se tem motivos.
Amar
(Protesto contra a discriminação – parte 2)
São palavras de amor e dor,
Sentidas e sofridas,.
São palavras de uma mulher
Que foram esquecidas.
São palavras escritas
em um pedaço de papel.
São palavras...
Em cada linha que se segue,
Conta-se o drama e a dor desta mulher,
Que admira o brilho do sol,
E o encanto da lua.
Desta mulher que fala de suas angústias,
De seus sonhos de menina em vão,
De suas amigas prostitutas,
Que também não podem dizer “não”
Desta mulher que muitas vezes tem mêdo
da dor de saber,
Que esta noite alcançou,
Mas será que verá o sol nascer?
Desta mulher que as vezes esconde num sorriso,
O asco e a vergonha daquilo consumido.
Desta mulher que se faz atrevida,
Pintada , vestida ou despida,
Vendendo seu corpo na avenida,
Chamada de mulher da vida.
Desta mulher que chamamos de meretriz,
Que passa as vezes na vida de tantos,
Sem saber o que é ser feliz.
Desta mulher que se deitou de lado
Depois de uma noite de orgia,
Deixando seu último relato
Amanhã, sera um novo dia.
Autora: Elaine Marinho-Bärmann
Nascida aos 21 de julho de 1965 em São Paulo – Brasil
Mora atualmente na Alemanha com seu marido e sua filha.
Texte: Elaine Bärmann
Bildmaterialien: Elaine Bärmann
Tag der Veröffentlichung: 17.10.2012
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